No meio independente, existe sim muitas bandas de rock produzindo coisas novas e legais. E quem ouve? O público independente que busca coisas novas, oras! A massa mesmo, sempre vai se ligar e ouvir o que está na rádio ou nos programas de auditório. E rádios vivem de publicidade, assim como qualquer veículo de mídia ou casas de shows. Uma pequena porcentagem de rádios topa colocar coisas novas. As maiores preferem não arriscar muito e jogam baixo mesmo. Elas preferem repetir a mesma seqüência de 10 músicas que garantem algum público do que inovar e acabar perdendo alguns de seus ouvintes.
E quem são os ouvintes? Pessoas que querem ouvir músicas fáceis, que falem sua língua, com seus erros, e que se identifique com seus sentimentos. Algo "para cima", para ouvir enquanto trabalha, tipo Michel Teló, ou canções com palavras bonitas que os faça chorar, como a de Luan Santana. Não precisa pensar muito. Conhecer o público brasileiro é fácil. Basta ligar a TV aberta em qualquer horário, em qualquer dia. Achar que um artista independente do rock nacional fará sucesso entre o grande público é no mínimo ingenuidade.
A minha geração não vingou neste sentido. Nem o CSS, que fazia sucesso internacional, está mais tão bem assim. Tudo bem, acho que a gente não pensava mesmo no grande público. Nunca pegamos o caminho de fazer algo mais radiofônico. Algo que não significa que não havia banda alguma que pegasse bem em rádio. Superquadra, por exemplo, era a banda mais radiofônica de Brasília. Tocava em rádio, a Cultura, quando era comandada por Marcos Pinheiro, que sempre tem um programa de rock na cidade.
Li algumas matérias sobre o assunto e a que me chamou mais a atenção, foi a do Marcos Bragatto, intitulada: A viagem é outra. Nesse texto, acabei encontrando o que não chamaria de erros, mas de certa empolgação exagerada de músicos e produtores. Pode-se sim se manter como banda no meio independente. Neste caso, abra mão de toda e qualquer possibilidade de receber um salário razoável, pensar na aposentadoria, de pensar e falar o que bem entender e de produzir o que bem entender. Parece carreira de esportista. No início pode até pegar. Por alguns anos a coisa pode ser sustentável. Depois vem a corrida para o financiamento público, produção musical, propaganda para outras marcas e até propaganda política. Obviamente, não estou incluindo todos os artistas nesse rol, mas diria com folga que pelo menos 95% acaba assim.
Agora temos um marco histórico, o rock saiu do Top 30 Brasil. Mas isso é apenas o diagnóstico de um sintoma do que vem ocorrendo há tempos. Não sei se aquele rock de fm voltará. Pra mim, nunca fez nem fará falta. Aqueles Top 30 nunca estiveram na minha lista e assim como o grande público eu não sei dizer o nome de uma música sequer do Charlie Brown, do Jota Quest ou do Rappa. Nunca fui a nenhum show deles e ficaria tão aborrecida em ter de assisti-los até a atração principal aparecer quanto se fossem Claudia Leitte. Não uso mais a rádio para buscar coisas novas. Nem assisto a programas de televisão.
Em 2005, quando começamos a tocar com o Lucy and the Popsonics, percebemos que ficar sentados em porta de rádio que toca sertanejo era perda de tempo. Construímos nosso caminho por outro lado. Da mesma forma que outras tantas bandas ou músicos. Não precisamos lamentar a saída do Top 30. Ela só representa a massa que não vai escutar rock. O rock não morreu. Nem morrerá tão breve. Não existe qualquer outra vertente musical com tantas possibilidades para se reinventar. E assim continuará. Se reinventando e persistindo.
g
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Renato Nunes