Depois de longas décadas sem escrever por aqui, não pude me furtar a
análise dos tempos atuais. O que se observa é que hoje, as produções que
visivelmente são feitas apenas como meio de lucrar através de um sistema, que
não preza pela arte e sim pela saúde mercantilista, me incomodam.
O que me motivou a escrever sobre isso? Ver
tantos artistas produzindo apenas repetição. Poemas e músicas chatas, sem
sentido, que não transcendem. Poemas que não dizem músicas que sempre se parecem
com alguma outra por aí. Na arte pictórica então, vish. Milhões de quadros de barcos tortos
com a perspectiva errada. Milhões de imagens que não dizem nada, não expressam
sentimento ou pensamento, ainda que sejam só aparentes rabiscos. Concordo
quando definem a arte como; Originalidade.
Será que poderíamos por a prova a arte de muitos desses que
defendem a arte? Confesso que meus ouvidos andam cansados de alguns
músicos por aí. Porquê? Porque eles
fazem mais e muito mais do mesmo. Reproduzem as mesmas soluções musicais, as
mesmas combinações... que cansativo. Ouvir
um CD inteiro é quase um martírio. Então, depois da formação psicológica que o currículo acadêmico me proporcionou (e o tema da mono ser Musicoterapia, reinclusão de deficientes através da percepção musical) percebi que, podemos dividir estas inquietações em quatro itens:
Excelência Técnica, Validade,Conteúdo intelectual
(visão cosmológica do artista) e Integração entre conteúdo e veículo . Neste primeiro tópico já eliminaríamos grande parte do
músicos e outros artistas por aí. Até bem pouco tempo, o modus
operandi" era fazer tudo pelo feeling, sem estudo, na base da vontade. Não digo que não foram feitas coisas boas.
Foram sim. Mas penso que hoje as coisas
mudaram bastante e quem não tem um conhecimento mais aprofundado de sua arte,
vai se repetir, vai ficar chato e cansativo.
O que se vê por aí, cada vez mais que quantidade não é sinônimo de
qualidade. Ao contrário. Quanto melhor a arte mais tempo e reflexão ela pede. A
produção fica reduzida. E digo. Lá fora
os artistas são monstros. Para ser ouvido, será necessário muito arroz com
feijão. Talvez isso seja um tiro no pé. Sem a Excelência Técnica não diremos
artisticamente nada a ninguém. Esse tempo já foi. Os caras que no passado
fizeram isso, esgotaram o assunto. Se sendo bons, muitos já estão à margem. Quando
digo de excelência técnica não digo só de virtuosismo. Mas também cabe a ele.
Quanto a Validade até nem
questiono tanto. Pois os assuntos, os
valores são quase sempre os mesmo abordados em toda a história. Mas valeria um comentário. Que pena que a arte sacra se foi.
E que pena que não temos mais os "Rembrandts" pintando FIlhos
Pródigos e Jeremias. Tentando ver a arte ainda na sacralidade.
Com isso, vejo um problemão no próximo tópico:
Conteúdo intelectual (visão cosmológica do artista). Toda
arte expressa a cosmovisão do artista. O que ele crê ? Quais as suas
convicções? Não era a toa que Picasso colocava uma pessoa de perfil e ainda
assim você via o olho que deveria estar escondido. Isso mostrava seu pensamento
filosófico, sua visão de vida. A mesma coisa com o Salvador Dali e quase todos
os grandes. Em todos os períodos, temos artistas defendendo posicionamentos,
pensamentos filosóficos e etc. E eis um grande colapso. Sobre o que diz a
nossa arte? Aliás, queremos falar do quê? Penso que ainda teremos um longo
caminho a percorrer antes de ousarmos responder essas questões.
O próximo tópico também é bem complicado. Como escolher a
melhor maneira de dizer o que preciso se minha cosmovisão e excelência técnica
estão em colapso? Com certeza este tópico será destruído, pela ausência dos
valores anteriores. Pra se escolher a melhor maneira de dizer com o melhor
caminho, escolhendo as melhores ferramentas; é preciso ter as ferramentas e os
recursos.
Sem conhecimento, habilidades e convicções cosmológicas, nunca se fará Arte
de verdade. Serão apenas tentativas chatas de fazer alguma coisa. E o público?
Aplaudiu! Meus amigos, se o artista que é o grande preocupado em
estudar, se aprimorar, pensar o modo de criar, o que dizer e etc... está
falhando e está em colapso, como o público conseguirá avaliar?
Porém os expectadores sim, terão direito de usar o feeling na
avaliação. Vejo que é bonito você parecer cult, assistir milhões de
filmes e ver inúmeros espetáculos, assistir orquestras e etc. Essa imagem de
conhecedor de Arte pode ser sim, muito falsa. E os aplausos recebidos podem ser
de completos ignorantes no assunto. Por isso o critério do artista deve
sobrepujar os aplausos e as palavras doces no final da apresentação. Sua arte
deve estar em constante prova e a busca pela inovação e originalidade
incansáveis.
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