18/11/2013

A arte está está nas ruas e (quase) nada vai detê-la


Depois de longas décadas sem escrever por aqui, não pude me furtar a análise dos tempos atuais. O que se observa é que hoje, as produções que visivelmente são feitas apenas como meio de lucrar através de um sistema, que não preza pela arte e sim pela saúde mercantilista, me incomodam.  

O que me motivou a escrever sobre isso? Ver tantos artistas produzindo apenas repetição. Poemas e músicas chatas, sem sentido, que não transcendem. Poemas que não dizem músicas que sempre se parecem com alguma outra por aí. Na arte pictórica então, vish. Milhões de quadros de barcos tortos com a perspectiva errada. Milhões de imagens que não dizem nada, não expressam sentimento ou pensamento, ainda que sejam só aparentes rabiscos. Concordo quando definem a arte como; Originalidade.

Será que poderíamos por a prova a arte de muitos desses que defendem a arte? Confesso que meus ouvidos andam cansados de alguns músicos por aí.  Porquê? Porque eles fazem mais e muito mais do mesmo. Reproduzem as mesmas soluções musicais, as mesmas combinações... que cansativo. Ouvir um CD inteiro é quase um martírio.  Então, depois da formação psicológica que o currículo acadêmico me proporcionou (e o tema da mono ser Musicoterapia, reinclusão de deficientes através da percepção musical) percebi que, podemos dividir estas inquietações em quatro itens:   

Excelência Técnica, Validade,Conteúdo intelectual (visão cosmológica do artista) e Integração entre conteúdo e veículo . Neste primeiro tópico já eliminaríamos grande parte do músicos e outros artistas por aí. Até bem pouco tempo, o modus operandi" era fazer tudo pelo feeling, sem estudo, na base da vontade.  Não digo que não foram feitas coisas boas. Foram sim.  Mas penso que hoje as coisas mudaram bastante e quem não tem um conhecimento mais aprofundado de sua arte, vai se repetir, vai ficar chato e cansativo.

O que se vê por aí, cada vez mais que quantidade não é sinônimo de qualidade. Ao contrário. Quanto melhor a arte mais tempo e reflexão ela pede. A produção fica reduzida.  E digo. Lá fora os artistas são monstros. Para ser ouvido, será necessário muito arroz com feijão. Talvez isso seja um tiro no pé. Sem a Excelência Técnica não diremos artisticamente nada a ninguém. Esse tempo já foi. Os caras que no passado fizeram isso, esgotaram o assunto. Se sendo bons, muitos já estão à margem. Quando digo de excelência técnica não digo só de virtuosismo. Mas também cabe a ele.    

Quanto a Validade até nem questiono tanto.  Pois os assuntos, os valores são quase sempre os mesmo abordados em toda a história. Mas valeria um comentário. Que pena que a arte sacra se foi. E que pena que não temos mais os "Rembrandts" pintando FIlhos Pródigos e Jeremias. Tentando ver a arte ainda na sacralidade

Com isso, vejo um problemão no próximo tópico:

Conteúdo intelectual (visão cosmológica do artista). Toda arte expressa a cosmovisão do artista. O que ele crê ? Quais as suas convicções? Não era a toa que Picasso colocava uma pessoa de perfil e ainda assim você via o olho que deveria estar escondido. Isso mostrava seu pensamento filosófico, sua visão de vida. A mesma coisa com o Salvador Dali e quase todos os grandes. Em todos os períodos, temos artistas defendendo posicionamentos, pensamentos filosóficos e etc. E eis  um grande colapso. Sobre o que diz a nossa arte? Aliás, queremos falar do quê? Penso que ainda teremos um longo caminho a percorrer antes de ousarmos responder essas questões.

O próximo tópico também é bem complicado. Como escolher a melhor maneira de dizer o que preciso se minha cosmovisão e excelência técnica estão em colapso? Com certeza este tópico será destruído, pela ausência dos valores anteriores. Pra se escolher a melhor maneira de dizer com o melhor caminho, escolhendo as melhores ferramentas; é preciso ter as ferramentas e os recursos. 

Sem conhecimento, habilidades e convicções cosmológicas, nunca se fará Arte de verdade. Serão apenas tentativas chatas de fazer alguma coisa. E o público? Aplaudiu! Meus amigos, se o artista que é o grande preocupado em estudar, se aprimorar, pensar o modo de criar, o que dizer e etc... está falhando e está em colapso, como o público conseguirá avaliar?

Porém os expectadores sim, terão  direito de usar o feeling na avaliação. Vejo que é bonito você parecer cult, assistir milhões de filmes e ver inúmeros espetáculos, assistir orquestras e etc. Essa imagem de conhecedor de Arte pode ser sim, muito falsa. E os aplausos recebidos podem ser de completos ignorantes no assunto. Por isso o critério do artista deve sobrepujar os aplausos e as palavras doces no final da apresentação. Sua arte deve estar em constante prova e a busca pela inovação e originalidade incansáveis.

Se o artista cansar de buscar a originalidade, sua arte morreu.

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