"Estou perdido no Planalto Central eu moro aqui no Centro -Oeste do Brasil, tenho tantos planos(...) Já me cansei dessa visão horizontal e desse papo que está tudo vertical. Eu me sinto estrangeiro, vivo sempre sem dinheiro(...) Pelas praças de Brasilia ando assim sem garantia me sentindo em Sevilha, nessa moderna arquitetura e a frieza pelas ruas: já perdi meus documentos, meu emprego no cimento. Aí meu Deus, meu casamento!"
(M.V.L)
Essa pode ser a realidade de muitos que vieram pra cá em 1960, quando a terra era vermelha e batida nas velhas vitrolas que entoavam sem parar o hino "Só deixo o meu cariri no último pau-de-arara". Hoje, cinquenta e três anos de sons, cores, luzes que piscam, gritam e avisam aos seus habitantes que o tempo trouxe a maturidade de uma jovem senhora, e seus filhos, com o orgulho misturado com vergonha (pelos atos de corrupção que aqui se vê com frequência) , lhe dá os parabéns.
Felicito Brasilia, não porque as principais decisões da Nação começam por aqui, mas sim por seus diamantes que brindaram os brasileiros com sua genialidade. A história do Rock Nacional está intimamente ligada aos braços de nossa capital. Renato Manfredini Jr, Hebert Viana, Dinho Ouro-Preto e sua trupe cantaram seus versos aos quatro cantos do país, declarando a gratidão por essa cidade que reúne cada uma das 27 pátrias desse nosso imenso Brasil.
Mas, como diz o poeta GOG “Quem mora fora do avião/Bate palma e pede diversão.” A rima fala da Brasília que existe fora do Plano Piloto e que não é ornada com monumentos e palácios daqui.
Se acaso quiser mesmo saber “o que se tornou Brasília” deve ir muito além deste “intramuros”, muito além dos limites oficiais da cidade planejada, dos cartões postais, que só mostram as imagens da arquitetura modernista, sobretudo o eixo monumental com as obras realizadas por Oscar Niemeyer e os edifícios-sede do poder central.
As grades, tão visíveis e presentes pelas cidades-satélites do Distrito Federal,devem ser compreendidas nesse universo de símbolos e valores, de conteúdo nacional, mas que, na capital do País, ganham um sentido mais específico.
Convém lembrar que os moradores das cidades-satélites vieram para Brasília, por sua própria vontade, não tanto para construir a nova capital,mas sobretudo para construir uma vida nova para si mesmos. O espírito pioneiro confunde-se com o espírito de colono e essas casas com grades em ferro parecem constituir uma parte visível dessa “vitória”: a conquista de um pequeno território para si, dentro de um projeto inteiramente diverso daquele imaginado pelo urbanista Lúcio Costa.
Que venham outros sopros de bons ventos, Brasilia! Parabéns!
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Renato Nunes