24/05/2009

Pedra 90: Snevols e porrada no Guará


por Zeca Domingos

Na verdade, tudo começou mesmo com uma brincadeira. Éramos uma turma, o Animais dos Espelhos já existia e, se não me engano, o Políbias também; isto por volta do início dos anos 90 talvez 93 , 94.

Claro que é muito mais glamourento dizer que éramos uma gangue de caras maus que dava porrada em todo mundo. Mas não, éramos somente uma turma de amigos (quem se encaixava mais no perfil de galera porradeira era o povo do Guará, leia-se: DFC e Os Cabeloduro; mas eu conto isto mais pro final, hehehehe).

O lance dos Snevols, como eu disse, era associado a uma turma qualquer daquela época. Claro que a nossa turma não era igual as outras, mas eu acho que nínguem estava preocupado em exclusividade naquele momento. Existiam algumas coisas em comum com aquelas figuras. Tipo, gostávamos de algumas coisas como: Einstuarzende Neubauten, Dead Kennedys eram unânimdades com certeza. Toy Dolls era ótimo e outras coisas pogantes de nossas festas, como Ministry, Suicidal Tendencies e por aí ia. Como eu disse em um post anterior, no início dos anos 90 som porrada era o que rolava nas festas.
A própria galera – que iria ser mais tarde chamada de Snevols – foi sendo montada ao longo de um certo tempo, pelo menos dentro de minha perspectiva. Tinha umas figuras que eu conhecia ainda dos anos 80, da minha idade e alguns mais novos (era o caso, por exemplo, da Mariana baixista e fundadora dos Políbias, irmã do Zé Ovo. Talvez ela nem tivesse 17 anos em 93).

Nós gostávamos de jogar RPG. Uns, como o Milani e o Bizerril, guitarristas do Políbias e dos Animais respectivamente, gostavam muito mais que os outros. E, diz a lenda que o nome Snevols aparaceu em um destes jogos, ou seja, a droga da palavra não significava absolutamente nada. (pros meus amigos daquela época: Só estou citando o povo das bandas, pois este blog é sobre bandas, não esqueci vocês!!!!!!)

Sabem aquelas gírias que só fazem sentido dentro de uma galera? Pois é. O termo Snevols era isso. E nós a utilizávamos para nos referir como algo sem significado ou sentido, era assim, era Snevols. No entanto, como Carlos Marcelo, o jornalista de rock da época, comprou esta briga, o lance ficou mais engraçado.

No ano do Burning Garage (um minifestival que tocou Animais dos Espelhos, Oz, Sunburst e o malfadado Low Dream) tinha um bar na 314 norte que era de um motociclista chamado Johnny. Um lugar extremamente agradável, de excelente frequência, ótimo som e cerva a preço justo. Perfeito para universitários e secundaristas sem grana. Lá, numa noite qualquer, batendo papo sobre rótulos, pois volta e meia tínhamos que nos explicar para o anarcopunk, pros metais o que nós éramos ( e, pombas, a gente tinha de ser alguma coisa? ), decidimos inventar um movimento – tipo Pistols e M. McLaren – pra responder quem éramos. Snevols. E depois, saiu no Correio Braziliense que erámos o primeiro movimento genuínamente de Bsb, tipo o grunge de Seattle! É mole?

Eu antes falei do pessoal d'Os Cabeloduro e DFC. Estes caras, sim, eram da pesada. A diferença é que hoje eles estão mais responsáveis (???) . Naquela época, não. Por exemplo, tinha um lugar que a gente tocou, antes do Burning Garage, lá no Guará, chamado Lord Dim Pub (Lorde Pudim, para alguns muito íntimos...). Conseguimos entrar no esquema de um show, praticamente com a mesma escalação do show que iria rolar na Escola Parque meses depois ( após um típico lance de escolinha americana de sessão da tarde, coagimos o Marcelo da Oz a nos incluir no show....). Enfim, fomos a primeira banda e a Raquel, depois do show, achou que tinha ido muito mal; saímos para conversar com ela na rua e, eis que de repente, todo mundo sai correndo de dentro do tal lugar.

Antes, tenho que fazer uma consideração: Nós, uma banda do Plano Piloto, estávamos em um buraco lá no fim do Guará, há quinze anos! Meu amigo, o Guará tinha uma fama, para nós do Plano, semelhante a uma daquelas satélites do mal. E foi aí que, ainda com os nossos instrumentos no porão do tal do pub, estourou uma porrada.

Descemos correndo pra ver se conseguíamos salvar nossas coisas. Quando chegamos lá embaixo, descobrimos que estávamos mais bonitos na fita que imaginávamos. Ocorreu o seguinte: O Daniel, dos Cabeloduro, foi cumprimentar o Marcelo, da Oz. O BigHead, sem olhar, xingou o baterista da banda punk de playboy. E o pau comeu.

Mas o mais engraçado é que, do nada, nego da banda do Daniel deu um sacode no Marcelo e, na sequência, foram atrás do pessoal do Low Dream, que nada tinha a ver com a confusão e estavam só assistindo o show. E ENFIARAM A PORRADA NELES, tipo briga de bar de filme, que o pau come pra todo lado.
Mas como eu disse, estávamos bonitos na fita. Não sobrou nem pra gente, nem pro Sunburst. Só pro Low Dream. E foi pouco.

Tempos depois, encontrei o Podrinho e ele me contou que, naquele dia eles saíram do bar batendo e perseguindo os caras do Low Dream pela parte de trás do comércio do Lord Dim. E aconteceu que os coroas do bar – aqueles aposentados que passam o dia tomando cachaça e detestavam o movimento de malucos de preto na vizinhança deles - ficaram putos e começaram a dar cadeiradas em todo mundo??????
Cara, essa cena de Bsb tem cada uma. Por isso que muitos caras mais velhos acham esta nova geração meio bundona. Nada pessoal, mas naquela época, nego não levava desaforo pra casa. Depois  os caras do Low Dream falaram em um jornal, que foram agredidos por nazistas. No Guará? Não. Naquela terra, quem mandava eram Os Cabeloduro, com todo amor e carinho. Um abração pra eles!

Um comentário:

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Valeu pela participação.

Renato Nunes

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