09/07/2016

Até um dia!

Bom, já deveria ter feito isso há mais tempo, mas realmente tinha esperança que voltasse a editar este blog.

Então é assim que termina, depois de 8 anos. Estamos fechando a casa. A Internet mudou muito nesse tempo, o público, o alcance e, principalmente, o formato.

O trabalho continua na fan page do Facebook. Muitas fotos, vídeos e outras coisas. Atualizado sempre e em pleno funcionamento.

Pra vc, que chegou aqui pela busca do Google. Conheça o conteúdo postado.

O registro de um tempo de muita movimentação, muita luta para divulgar bandas que não dispunham de canais para isso, De resgatar a história de Brasília e seus artistas, e também de muito empenho contra o cartel indie-estatal da primeira década do século 21, os anos 2000. O circuito viciado de festivais financiados com dinheiro público, Uma batalha quase solitária, nos idos de 2008.

Então é isso. Tem matérias legais, fotos massa, músicas pra baixar e vídeos para assistir. Seja bem vindo.

Até um dia.

Renato.

31/07/2015

Dramaturgia jornalistica do dia-a-dia nos dai hoje

Já notaram que os programas jornalísticos-culturais estão virando novelas? E as as novelas do mundinho sub-celebridade-indie-hippie estão se transformando em programas jornalísticos?
Memória de brasileiro é mais curta que a grana. Todavia, não faz muito tempo, Gugu (aquele) criou (maneira de dizer) um blefe com o PCC de matar Manoel Carlos de inveja.

As novelas, por seu lado, estão funcionando agora como informativos sobre direitos civis, homossexualidade, saúde, higiene etc. A qualquer momento, portanto, poderemos ver William Bonner fazendo par romântico com Carolina Dieckmann na novela das oito. Ou Francisco Cuoco virando correspondente, em Nova York, do Jornal da Globo. Nota-se esta inversão de valores quando a maior notícia é uma banda dita de rock ser julgada num programa televisivo cheio de playbacks e celebridades sábias com o google à mão, E tive certeza de tudo quando vi a empregada da vizinha chorando convulsivamente ao assistir uma fala de da Filha de Xororó sobre a pobreza da nossa produção musical.  Não demora muito, ela abre um fã-clube do Eri Johnson e faz stand-up ou vira concorrente nos show de horrores de calouros. Claro, isso muda muita coisa na televisão brasileira.

A ideia de Fernanda Lima virar editora-chefe do Jornal Nacional e a de Andre Marques ser colunista da editoria musical parecia longínqüa. Mas pode acontecer muito antes do esperado.  Não esqueçamos que esses formatos enlatados hoje são a melhor vitrine do país. E todo bom jornalista sem diploma e opinioso cheio de si, quer mesmo é informar, não importa o meio, e sim a mensagem.

Já os telejornais contam com apresentadores cada vez mais ricos, vaidosos e totalmente neuróticos com a fama.  A mania de contratar produtores de pegadinhas para fazer pautas jornalísticas é outra coisa que tem trazido fortes mudanças na telinha. Alguns comunicólogos acreditam que Lula vestido de tirolês, dançando embriagado no último Oktoberfest, não passou de mais uma armação da “Casa de Criação” da Plim(2x). Analisado assim, o conceito de grandes coberturas ao vivo também se alterará com o tempo.

Se permanece esta tendência, devem demitir seu Núcleo de Jornalismo Esportivo. E mandar o elenco de “Malhação” cobrir as próximas Olimpíadas. Galvão Bueno e Casagrande podem ser aproveitados no Núcleo de Dramaturgia, graças ao grande carisma, fazendo “Carga Pesada”. Até porque, ao que tudo indica, Stênio Garcia e Antônio Fagundes devem ser os novos apresentadores do “Globo Rural”.  Se o Louro José não aceitar o cachê de 60 mil reais por mês oferecido pelo pessoal do Jardim Botânico, é óbvio.

PS: Esta é uma obra de ficção, qualquer semelhança com nomes, pessoas, factos ou situações da vida real terá sido mera coincidência.

29/04/2014

Bananas e o preconceito invisível

"Temos que rir desses retardados", essa foi a frase dita pelo jogador Daniel Alves ao explicar a atitude de ter comido a banana atirada por um torcedor racista.

Pouco depois, foi a vez do Neymar lançar a hashtag #SomosTodosMacacos. Pronto, foi o suficiente pro assunto viralizar nas redes e o discurso contra o racismo, de uma hora para a outra, se tornou a bandeira de vida de uma multidão de bananas, digo, de macacos, não, perdão, de internautas brasileiros.

O que passou batido, talvez pela banalização da palavra, talvez pela falta de movimentos engajados militando por seus direitos, foi a frase “temos que rir desses retardados”.

Ora, quando o jogador brasileiro diz que é preciso rir dos retardados, ele atinge, agride e despreza milhares de pessoas com deficiência intelectual ou cognitiva e suas famílias, que já carregam consigo o sofrimento com os cuidados especiais que os portadores requerem, e agora têm que engolir a seco o estigma do preconceito destacado em todos os veículos de comunicação, com o agravante de não poderem se defender. Afinal, de acordo com Daniel Alves, retardados são apenas pessoas risíveis.

É fato que o senso comum nunca foi generoso em relação às pessoas com este tipo deficiência. O preconceito já existente tem atrapalhado e vitimado muitos portadores em sua busca por inclusão social, respeito e dignidade.

E nesse sentido, a frase do jogador, repercutida em todo o mundo serve apenas e tão somente para reforçar o estereótipo de que todas as pessoas com deficiência intelectual ou mental são loucos, inaptos, sem condições de conviver na sociedade. Uma ignorância que despreza o fato de que tais deficiências possuem diferentes níveis de gravidade, algo que torna a generalização ainda mais estúpida.


No final das contas, a história das bananas e macacos serviu pra revelar o atraso do racismo europeu, a sagacidade das agências de publicidade brasileiras e também, infelizmente, que o preconceito e o desrespeito contra os deficientes intelectuais permanece forte, enraizado, sem o apoio de celebridades esportivas ou globais e, lamentavelmente, ainda é aplaudido quando expressado por um jogador de futebol. #SomosTodosBabacas.

27/02/2014

Retornando das cinzas

Uma das tarefas mais difíceis para uma banda é a de conseguir produzir algo que não soe como uma reciclagem caricata e datada, mesmo sendo ser fortemente influenciada pela música ou estética de determinada época. Uma das melhores bandas brasileiras da primeira década dos anos 2000, a brasiliense The Pro é um bom exemplo disso.

O post punk dos 80s está no seu DNA, não só nas composições mas no âmago da concepção conceitual e filosófica da banda. Esse espírito é perfeitamente ilustrado pelo título do disco de estreia, “Isso é o fim”, de 2011. E não era blefe. A banda realmente acabou pouco tempo depois.

O vocalista Zé Roberto se mudou para Nova York, os demais integrantes seguiram em outros projetos e o The Pro virou história. Mas, agora está de volta. E pra não fugir das raízes, o retorno está sendo anunciado como uma despedida definitiva.

Para ele, a Brasília que reencontrou está menos receptiva ao inédito. “O que vemos agora são festas só com DJs e bandas covers fazendo o sucesso que os projetos autorais nunca conseguiram. Não me surpreende ver que as bandas covers são formadas pelos mesmos integrantes que formavam as bandas autorais da cidade. O que antes era só uma reunião de amigos, agora é o que recebe mais demanda do público”, e prossegue.

“Sim, isso não é só sobre as bandas, mas também sobre o público que preferiu assim e não se preocupa tanto com músicas inéditas. Tempos modernos, realidade moderna. A facilidade em conseguir música fez com que ela perdesse um pouco da magia. Vi bandas incríveis surgirem quase que ao mesmo tempo em Brasília. Fico honrado de ter feito parte dessa onda mesmo com todas as dificuldades.
Acho que o The Pro deixou sua marca e a música ficará aí pra sempre. E é a música que importa”.


O reencontro do The Pro acontece nessa sexta (28), às 23 horas, no Velvet Pub – 102 Norte, em Brasília. A banda também está presente no volume 1 da coletânea com 30 hits dos anos 2000 que você possivelmente não conhece.

28/12/2013

Popdollkiller: O rock está morto. Longa vida ao rock.

Li, há alguns dias, que o rock saiu do top 30 brasileiro pela primeira vez desde o ano 2000. Tá, mas que bandas eram essas? Rappa, Charlie Brown, Jota Quest, Pitty? Surpresa! Nenhuma nascida de 2000 para cá, né? Qual foi a última banda de rock que nossos pais, tios ou primos que não curtem rock ouviram e sabem pronunciar o nome? Provavelmente, eles não se lembram nem da Pitty. Talvez do Charlie Brown, mas aí não foi por causa da música, mas sim das tragédias ocorridas neste ano. Jota Quest nem deve entrar na categoria rock para quem é menos entendido no assunto.

No meio independente, existe sim muitas bandas de rock produzindo coisas novas e legais. E quem ouve? O público independente que busca coisas novas, oras! A massa mesmo, sempre vai se ligar e ouvir o que está na rádio ou nos programas de auditório. E rádios vivem de publicidade, assim como qualquer veículo de mídia ou casas de shows. Uma pequena porcentagem de rádios topa colocar coisas novas. As maiores preferem não arriscar muito e jogam baixo mesmo. Elas preferem repetir a mesma seqüência de 10 músicas que garantem algum público do que inovar e acabar perdendo alguns de seus ouvintes.

E quem são os ouvintes? Pessoas que querem ouvir músicas fáceis, que falem sua língua, com seus erros, e que se identifique com seus sentimentos. Algo "para cima",  para ouvir enquanto trabalha, tipo Michel Teló, ou canções com palavras bonitas que os faça chorar, como a de Luan Santana. Não precisa pensar muito. Conhecer o público brasileiro é fácil. Basta ligar a TV aberta em qualquer horário, em qualquer dia. Achar que um artista independente do rock nacional fará sucesso entre o grande público é no mínimo ingenuidade.

A minha geração não vingou neste sentido. Nem o CSS, que fazia sucesso internacional, está mais tão bem assim. Tudo bem, acho que a gente não pensava mesmo no grande público. Nunca pegamos o caminho de fazer algo mais radiofônico. Algo que não significa que não havia banda alguma que pegasse bem em rádio. Superquadra, por exemplo, era a banda mais radiofônica de Brasília. Tocava em rádio, a Cultura, quando era comandada por Marcos Pinheiro, que sempre tem um programa de rock na cidade.

Li algumas matérias sobre o assunto e a que me chamou mais a atenção, foi a do Marcos Bragatto, intitulada: A viagem é outra. Nesse texto, acabei encontrando o que não chamaria de erros, mas de certa empolgação exagerada de músicos e produtores. Pode-se sim se manter como banda no meio independente. Neste caso, abra mão de toda e qualquer possibilidade de receber um salário razoável, pensar na aposentadoria, de pensar e falar o que bem entender e de produzir o que bem entender. Parece carreira de esportista. No início pode até pegar. Por alguns anos a coisa pode ser sustentável. Depois vem a corrida para o financiamento público, produção musical, propaganda para outras marcas e até propaganda política. Obviamente, não estou incluindo todos os artistas nesse rol, mas diria com folga que pelo menos 95% acaba assim.

Agora temos um marco histórico, o rock saiu do Top 30 Brasil. Mas isso é apenas o diagnóstico de um sintoma do que vem ocorrendo há tempos. Não sei se aquele rock de fm voltará. Pra mim, nunca fez nem fará falta. Aqueles Top 30 nunca estiveram na minha lista e assim como o grande público eu não sei dizer o nome de uma música sequer do Charlie Brown, do Jota Quest ou do Rappa. Nunca fui a nenhum show deles e ficaria tão aborrecida em ter de assisti-los até a atração principal aparecer quanto se fossem Claudia Leitte. Não uso mais a rádio para buscar coisas novas. Nem assisto a programas de televisão.

Em 2005, quando começamos a tocar com o Lucy and the Popsonics, percebemos que ficar sentados em porta de rádio que toca sertanejo era perda de tempo. Construímos nosso caminho por outro lado. Da mesma forma que outras tantas bandas ou músicos. Não precisamos lamentar a saída do Top 30. Ela só representa a massa que não vai escutar rock. O rock não morreu. Nem morrerá tão breve. Não existe qualquer outra vertente musical com tantas possibilidades para se reinventar. E assim continuará. Se reinventando e persistindo.


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