O primeiro disco sem Rodolfo Abrantes |
Kavookavala, de 2002, foi o primeiro álbum dos Raimundos sem a presença do Rodolfo. Há quem diga que é o único, por não considerar o álbum virtual (um dos pioneiríssimos no formato, vale dizer) Ponto Qq Coizah. Imagino como deve ter sido difícil para a banda concebê-lo.
Não é tão exagerado afirmar que o Raimundos foi construído à imagem e semelhança do seu vocalista original, dono de uma voz habilidosa e única. Não que o Digão cante mal, pelo contrário, é bem afinado. Mas, o Rodolfo tinha uma habilidade vocal digna de dubladores de desenho animado ou humoristas imitadores. E era essa voz que “contava (e criava) as estorinhas” dos Raimundos desde os tempos dos ensaios com os PR-200 da Ciclotron na garagem do Digão ou na Mad House do Berma.
Para compensar esse desfalque tremendo, o jeito foi recorrer a um antigo parceiro e quase mentor intelectual do Rodolfo nos idos de 1987. O Telo, ex-vocalista do Filhos de Mengele. Co-autor de boa parte das músicas do primeiro álbum e até de algumas do Só no forévis, último álbum com a formação original. Alegria foi feita para a banda relâmpago FM’s Band. Havia laços e entrosamento entre todos ali.
O resultado foi um álbum muito bem feito tecnicamente e acho até que as mágoas da separação contribuíram para pegada mais raivosa nas músicas pesadas, o que ficou muito bom. No entanto, apesar das letras e dos riffs bem sacados de praxe e da presença de um hit radiofônico potencial, Vento Certo (Água da Mina). O antigo vocalista fez falta e Kavookavala não aconteceu.
Um dos problemas que afetaram esse álbum foi também o fato o seu lançamento ter coincidido com o da estreia solo do Rodolfo. A banda de aleluia core, Rodox. E, pra complicar ainda mais, Rodox vinha com status de grande aposta da (mesma) gravadora. Mas, não deixa de ser curioso observar que ambos os trabalhos tinham faixas que poderiam seguir os passos do megahit Mulher de Fases, como Vento Certo (Raimundos) e De uma só vez (Rodox). Juntos, talvez tivessem emplacado as duas.
Um disco importante para que o Raimundos não acabasse por ali mesmo. E, mesmo com seus altos e baixos, é um trabalho que traz a marca de uma banda diferenciada.
Raimundos – Kavookavala (2002)
1. Fique! Fique!
2. Crocodilo meio kilo
3. Joey
4. Vento certo (água da mina)
5. Kavookavala
6. El Mariachi
7. Mas vó
8. Princesinha
9. Uabarrêba
10. Atitude severa
11. Pegamutukalá
12. Baixo calão
O Telo é o Kara ! Os~ távinaí
ResponderExcluirsó tenho a dizer q é um ótimo album! só vem mostrar a rara abilidade do Telo de fazer ótimas musicas (vide sua banda Os~)... na minha opnião o Telo faz muita falta pro Raimundos.. quanto ao Rodolfo.. já era! não faz falta no atual Raimundos.
ResponderExcluirFala, Renato. O post do Bacalhau tá aqui: http://cheriaparis.blogspot.com/2007/10/morte-do-bacalhau.html
ResponderExcluirAbs!!!
ótimo post.
ResponderExcluiro cara escreve bem.
sintetizou muito bem toda a situação.
jornalismo direto e íntegro!