27/10/2008

Ué, cadê todo mundo?


Foi na primeira metade dos 2000’s que começaram a pipocar festivais por Brasília. Nunca tantos eventos com nome e sobrenome aconteceram por aqui como nos últimos dez anos. Se na década de 80 tínhamos um Projeto Cabeças aqui e um Rolla Pedra acolá e nos anos 90 era na Feira de Música ou no projeto Meia-sola que artistas e público se encontravam, no início desta década a história foi bem diferente. Aconteceram muitos festivais ou shows periódicos e não deixa de ser intrigante observar que neste período, em que também quase todos os shows são produções bem profissionais, o público tenha deixado gradativamente de prestigiar as bandas locais.
O Festival Porão do Rock, as Noites Senhor F, o Brasília FestRock, o Carnarock, os festivais Cult 22 e Prótons e até um projeto mensal da Secretaria de Cultura chamado Arte por toda Parte foram alguns dos eventos periódicos que aconteceram principalmente na primeira metade da década. Parafraseando o Luís Inácio, nunca antes na história do rock brasiliense tivemos tantos festivais e mídia (até o Correio Braziliense publicou durante uns anos uma seção semanal com resenhas de demos e de shows locais em seu caderno de cultura). De fato, nunca dispusemos antes de tantos meios para promover a nossa produção independente, já que essa foi também a primeira geração de bandas na era da internet. Mas o que aconteceu foi o inverso, o público foi minguando, minguando e perdendo o interesse em conhecer novos artistas. Até que os próprios eventos começaram a desaparecer também. E o mais incrível é que os produtores do início da década nem sequer cogitam a possibilidade de terem falhado em algum aspecto durante todos esses anos.

Como dizem por aí que o que não mata, fortalece. Eu espero que o ocorrido nesses últimos dez(!) anos tenha sido reflexo de uma fase de aprendizagem, um momento de adaptação entre uma época mais romântica e idealista como foram os anos 80 e 90, e uma época mais profissional, articulada, independente e multimidiática como se exige hoje em dia. Principalmente porque hoje as produções musicais, audiovisuais e literárias de Brasília estão cada vez mais ativas e convergentes.

Pra entender mais claramente, pensem no seguinte, se o Rio de Janeiro tivesse tratado o seu samba como nós temos tratado a principal expressão musical de Brasília, hoje ninguém saberia quem é Cartola ou Noel Rosa. E se o Cachorro Grande tem se destacado tanto nacionalmente, um dos motivos é que qualquer piá gaúcho que se aventura no rock já o faz conhecendo bem TNT, Cascavelettes, Replicantes, Graforréia Xilarmônica ou qualquer outra banda do também fértil rock dos pampas....
Abaixo, um vídeo que não tem nada a ver com a postagem, mas é muito massa, hehehe.

Uma boa semana para todos!

7 comentários:

  1. Todo mundo sabe o quanto o Fernando Rosa prejudicou a produção independente de Brasília ao tentar transformar o rock de Brasília em uma caricatura do rock gaúcho, quase perdemos a nossa identidade. Bom ver que essa verdade chega à tona. Parabéns pelo texto

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  2. Eu confesso que fui um dos que se iludiu com as Noites Senhor F, só uns anos depois percebi que ele tava apenas criando as bases pra vender as bandas do selo dele. Só ninguém compra cd mais, então ele afastou as bandas locais do público e nem conseguiu o que queria. Tem cara de burrice mesmo, hehehe.

    abs

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  3. Eu acho muito difícil acreditar em má-fé, mas a conclusão do Pedro aponta uma possibilidade.

    Valeu pela participação.

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  4. hahahaha, gostei do vídeo. O Brasília FestRock foi massa, foi no Autódromo, antes do BMF.

    calango candango

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  5. Fui uma vez só no Senhor F do Gates, pra prestigiar a banda do Pinduca. Era Prot(o) e Capotones e devia ter só umas quinze pessoas no Gates, sem contar o pessoal de banda. Foi impossível não comparar com a época do Maskavo Roots e do Teatro Garagem na década de 90.

    Lins

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  6. Bem oportuna a postagem.
    Cara, o problema é que quase todas essas produções que vc citou envolviam as mesmas pessoas e as mesmas bandas. Vale lembrar também que o Fernando Rosa mentia descaradamente em seu site dizendo que o evento dele era um sucesso consagrado por aqui, enquanto o público ia sendo espantado dos shows por aquelas bandas horripilantes que nesses dez anos aí monopolizaram os espaços de shows e mídia, o que acabou sendo determinante para expulsar o público de vez....

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  7. Não sei se vcs do blog sabem, mas tem uma banda aqui de Rio Branco chamada Los Porongas e que era do selo Senhor F. O cara queria ter o controle total da carreira dos caras, só que mantendo-nos em um "amadorismo" forçado, ou seja, se entrar grana, é pra produção e olhe lá porque banda independente, segundo "os valores que norteiam a cena independente" não pode nem cogitar viver de sua arte. Que bom que o Diogo e a galera se livraram desse cara sem caráter.

    valeu

    roger

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O Rock Brasília, desde 1964 conta com sua ajuda e suas sugestões para se aperfeiçoar. Comenta aí!

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Valeu pela participação.

Renato Nunes

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