08/07/2009

Entrevista com Dado Villa-Lobos

Esta entrevista foi originalmente publicada em 08/07 no blog dos Paralamas do Sucesso. Um CrtlC Crtl V quase em tempo real, hehehe.

Se Dado fosse só o ex-guitarrista do Legião Urbana, já era muita coisa e nem ia ser preciso escrever uma apresentação pra ele. Mas ele também é um dos poucos a ter tido o prazer e a honra de ser chamado de quarto paralama. De viajar junto com a banda, subir ao palco com ela. Até pra um legionário, foi um sonho de desde molequinho...

Você e o Bi moraram juntos fora do país quando crianças, certo? Como era o Bi naquela época e quais foram as primeiras vezes que discos e bandas se tornaram assuntos das conversas entre vocês?

Moramos juntos em Montevidéu em 68 - 70, eu tinha cinco anos e o Bi nove. A gente aprontava nas ruas de pocitos e carrasco, guerra de "coquitos", bexigas de água... Aprendi a andar de bicicleta. A música veio um tempo depois, em Brasília.

Se vocês eram amigos desde tão cedo, por que não chegaram a montar uma banda entre vocês? Nunca passou isso pela cabeça?


Nunca passou pela minha cabeça fazer parte de banda nenhuma, o Bi saiu de Brasília e foi pro Rio onde fez os Paralamas com o Herbert e na sequência João Barone. Eu pensava mais em ser roadie deles e viajar o Brasil junto...

Você conseguiria lembrar de como se deu o processo entre os Paralamas dizerem a vocês que iam gravar Química no primeiro disco deles até o convite da EMI para a Legião fazer seu primeiro disco?

Lembro vagamente do Renato falando algo do gênero no final de 83 quando veio o convite da EMI para gravarmos um compacto.
Os Paralamas já tinham lançado o compacto Vital e Sua Moto /Patrulha Noturna e preparavam o primeiro LP. Acho que foi aí que tudo se desencadeou e cá estamos até hoje...

Por toda essa história, vocês sempre foram bandas irmãs. De alguma forma, vocês tinham a percepção de fazerem trabalhos complementare? Ou um bom disco de uma servia de estímulo para a outra se superar num momento seguinte?

O respeito e cumplicidade sempre foram enormes, acho que eles serviam como parâmetro qualitativo, o padrão Paralamas. E certamente geravam grande estímulo na hora de se fazer um disco. Renato se importava muito com essa relação e torcia sempre pelo melhor em todos os sentidos.

Pode se dizer que a Legião Urbana tinha uma formação mais estável no rock, enquanto os Paralamas experimentavam mais as fronteiras rítmicas e de gêneros. De que forma essas duas características se somavam, a seu ver, para a criação da cara da geração de vocês?

Lembro que um dia na casa da vovó Ondina em 1980, férias de verão Bi me deixou tocar baixo, toquei a unica música que eu sabia tocar. Stir it up. E eles perguntaram "que é isso???", hilário! Na época era só Hendrix, Led Zeppelin, Santana etc... Quando veio o Selvagem, com Alagados, a Novidade, Teerã... Eles abriram as portas para uma nova cara do Poprock Brasil. Viraram Os Paralamas do Sucesso. Inquestionável , uma banda de verdade. Nós da Legião Urbana fazíamos o que a intuição nos levava a fazer e a experimentar dentro do possível, passamos os melhores momentos dessa vida dentro dos estúdios. Fazendo o melhor possivel. Deixamos um legado considerável que também traduz com clareza a cultura desse país...

Tal qual os Paralamas, vocês passaram a maior parte do tempo de carreira como um trio, o que não é lá uma coisa tão fácil para uma banda de rock. A seu ver, havia alguma diferença musical na forma como as duas bandas abordavam essa condição de serem trios?

Em relação a questão de ser trio, eu me vi tendo que tocar baixo, violões, bandolins e guitarras, foi ótimo nesse sentido. Nossas diferenças musicais eram essencialmente de formação, quando comecei na Legião não sabia tocar nada além das músicas que fazíamos. Os Paralamas tocavam desde sempre os grandes clássicos do Rock, isso faz uma diferença real! Nós basicamente tocávamos intuitivamente dentro do que se chamava de pós-punk. Tudo certo também...

Após o fim da Legião Urbana, uma de suas primeiras aparições musicais foi no Acústico MTV dos Paralamas. Como foi o convite e a experiência de voltar aos palcos e por que aceitá-lo naquela ocasião?


Foi sensacional, é como ser chamado pra entrar na confraria Jedi de músicos. Foi uma grande experiência estar com aqueles caras no palco por algum tempo, me fizeram sentir vontade de voltar à cena.

Foi lançado agora o DVD Legião & Paralamas, com o programa da Rede Globo. Olhando em perspectiva, o que mais te chama atenção naquele encontro de vocês?

A cumplicidade e respeito. Renato e Herbert cantando Nada por Mim é algo que traduz esse encontro com perfeição, percebe-se claramente que Herbert ficou careca de lá pra cá.

....

2 comentários:

  1. Parabéns pelo excelente blog. Enfim, um blog que eu possa ler todos os post, que fale a minha língua: rock.
    Lembrar que o rock de Brasília, para mim, é o mais influente do país.

    Já estou cansado do eixão (rio-sp) e da gauchada (com todo respeito)
    Abraços!

    Continue assim!

    ResponderExcluir
  2. Valeu pela presença, meu chapa. Continue acompanhando!

    ResponderExcluir

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Valeu pela participação.

Renato Nunes

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