12/07/2009

Um Ramone no cerrado

foto de celular: Márcio Toper
por Jotapê*
Apesar do nome bizarro, o show Ramones em Brasília? Eu vou que rolou na última sexta-feira foi um dos eventos mais interessantes que vi nos últimos tempos.
Quem começou a esquentar a fria noite brasiliense foi o Super Stereo Surf. Banda que se mostrou surf music até com um frio de 13 graus. Tiraram os casacos e mostraram seus trajes praieiros. Já na primeira música, Barata, o batera mostrou que o rock praiano pode ser tocado sentando a mão na bateria, sem perder groove. A banda seguiu música após música animando o público, a ponto de ter palminhas e tudo mais. Os timbres das guitarras estavam perfeitos e o som muito claro, pelo menos para quem estava na frente. Interessante foi olhar para trás e ver TODOS no local olhando o show e os corpos mexendo no ritmo do instrumental surfista. Nada de conversas paralelas. O público estava realmente curtindo a música.

Com aplausos calorosos durante toda a apresentação, o show de abertura contou com momentos particularmente interessantes: A troca de instrumentos entre Alex Maraskin e Márcio (guitarrista e baixista, respectivamente) em uma das músicas; o tributo ao Ramones, quando mostraram que estavam todos eles vestindo uma camisa dos pais do Punk por baixo das blusas floridas, e o improviso em Balada do Pistoleiro, quando Harrisson colocou um homeopático Hey Ho Let’s Go, diluído no decorrer da música.

Excelente apresentação! A única pena foi que eu não pude vê-los tocando a faixa 3 do CD Antes do Baile, Os Imperdoáveis. É uma música que fiz e ainda estou seco para ver ao vivo. Então fica pro show de lançamento do CD em agosto!!

Algumas dezenas de minutos depois, entrou no palco o ex-cabeludo CJ Ramone ao lado de Daniel Ray (produtor e parceiro em importantes composições do Ramones) e do baterista com pinta de mexicano. Um show para fã... com o público composto de, diria eu, 75% de fãs e 25% de curiosos. Eu, que já vi Ramones ao vivo em 96, fiquei emocionado, imagino quem nunca viu (com certeza quase todo mundo ali não pôde ver)!

Foi interessante ouvir Ramones na timbragem de (guitarra) Gibson. Parece que deu um tchan diferente. As músicas seguiam e a platéia alucinada, berrando cada letra. Vi gente chorando, menininhas tietando. Um show relativamente pequeno, mas com uma atmosfera mainstream como não via há muito tempo. Indescritível a emoção de ouvir a minha preferida do Ramones, Swallow my pride. E também pude ouvir uma das canções que mais me divertiu na minha infância: Endless Vacation. Esta última deixou boa parte dos presentes chocada, pois nem todos conheciam esse lado hardcore raiz do Ramones.... Lembre-me de quando eu e meus irmãos colocávamos a caixa de som, com o volume máximo, em frente à janela do vizinho, para mostrar o punch dos Ramones (risos)!!!

Se eu tivesse que citar dois pontos únicos do show, citaria: Sheena is a Punk Rocker e I wanna be sedated, quando a banda fez o público TODO dançar, sorrir, gritar e pular de satisfação. Vale dizer que set continha também agradáveis surpresas como I wanna be your boyfriend (com direito a backing vocals!), It’s a Long way back to germany, Judy is a Punk (com direito a “iaiiii”), além das citadas acima. CJ, sem dúvida, se saiu melhor nas músicas que cantava (divinamente) nos discos dos quais participou: Strenght to Endure, My Back Pages, R.A.M.O.N.E.S. e as da banda Bad Chooper, sua atual. E confesso que quase chorei quando começaram a tocar a faixa 5 do álbum Mondo Bizarro (Strenght to Endure). Daniel Ray se encarregou de cantar as músicas que ajudou a compor: Pet Sematary e Poison Heart, e executou com competência, apesar de uma entonação um pouco “romântica” demais.

Não cronometrei o tempo de apresentação, mas posso dizer que foi o suficiente pra satisfazer as expectativa de um fã que escuta a banda há mais de 20 anos (escutava Ramones e Michael Jackson... um seguido do outro. Estranho, não?). Agora vamos esperar nosso querido Marky dar as caras por aqui... será?

ERRATA: Esse texto foi editado depois que Evandro Esfolando comentou que não havia duas guitarras. É verdade, mas como sou baixinho, estava certo até então que um outro gringo que estava ao lado do palco (possivelmente um segurança) era um guitarrista de apoio. (JP)

*Jotapê foi integrante da banda ASKeS e tem todos os cds (inclusive os piratas ao vivo) e vídeos do Ramones. Além de saber cantar e tocar de cabeça, pelo menos, 30 músicas do quarteto novaiorquino.

2 comentários:

  1. Jotapê, acho que tu tava bebum! A banda é um trio, não tinha segundo guitarrista nenhum! Eu escrevi um post do show pro site Rock Brasília e sobre o CJ na Fnac no http://esfolando.wordpress.com. Valeu!

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Renato Nunes

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