R64 Brasil: Bico de Luz no fim do túnel

O que é o tal rock gaúcho? Esse subgênero que desperta amor e ódio em tanta gente.

Ok, do sul vieram coisas bem chatinhas (pra mim, caso goste não se ofenda), como Kleiton e Kledir, Engenheiros do Hawaii. Bizarrices como o Gaúcho da Fronteira e, de uns tempos pra cá, aquelas bandas que se contentam em reciclar o que já foi feito antes e muito melhor por TNT, Cascavelettes ou Graforréia Xilarmônica (três bandas quase simbióticas, diga-se).

Ah, e o Cachorro Grande.... Aquela banda que toca fantasiada e gosta de mostrar a bunda em festivais. (NR.: No Porão do Rock 2009, depois de muito reclamar dos pobres dos técnicos, o Cachorro Grande virou o traseiro pra platéia e abaixou as calças). Fãs, não se ofendam, gosto é gosto. Ah sim, e o Fresno....

Mas, então é isso o chamado rock gaúcho? Claro que não. Do sul também vieram artistas e bandas mais arrojadas como Replicantes, De Falla, Pupilas Dilatadas, Comunidade Ninjitsu e Júpiter Maçã, além da trinca já citada no segundo parágrafo....

A Sociedade Bico de Luz, da cidade de Guaíba, é dessa escola. Banda da nova geração gaúcha que lançou em seu site o excelente álbum Doe rock ao Emocentro. Possuidores de ironia fina, brincam com todos os cacoetes dos clichês jovem-guardianos sessentistas de seus conterrâneos. Com muito estilo e propriedade.

O quinteto mostra um instrumental afiado e coeso, arranjos inteligentes e uma boa pegada. Vocalista excelente, boa voz e interpretação bem convincente. As letras são muito boas. Humor sutil, mas impagável. A música Centro de Porto Alegre é um hit pronto. Pérolas como A musa do T2 e a sensacional Eu tenho uma banda que quer ser Strokes têm momentos geniais.

O segunda é um gol de placa. Os versos “Já comprei a minha jaquetinha, também desarrumei o meu cabelo/dei um trato no meu visual, pra frequentar as festas do underground” são uma leitura ácida do que predomina no circuito independente. “Não queremos ser os novos Reis do Iê-iê-iê (ou da cocada preta) ou muito menos ousar tocar as músicas que os Beatles não fizeram em português”, dizem. Que bom, há um bico de luz no fim do túnel.

E uma boa semana para todos!