16/10/2008

Pedra 90, o prelúdio

por Zeca Domingos

Falar sobre rock brasiliense é sempre um prazer. Um clichê, claro, mas também é um fato. Mas o que escrever logo de início? Taí um grande problema. Na verdade eu tenho vontade de falar tudo que me vem em mente, sobre o que eu lembro e o que eu ouvi falar desde de moleque sobre a coisa. Caras, eu tenho que ter um mínimo de orientação....
Aí o Renato veio com uma proposta de falar um pouco, e de vez em quando, sobre a movimentação de som nos anos 90. Ok, pensei, estou fudido de tempo, mas ainda assim, vou tentar. Por que? Ora, eu já disse antes. É um prazer.
Então deixe eu tentar por uns parâmetros no que eu vou escrever (assim como o Renato o fez no início do blog ) Vou tentar por alguma coisa das minhas memórias pra funcionar. No meu caso, vou concentrar entre 1990 a 1996 que eu participei mais ativamente e, na medida do possível falar um pouco do período 96 a 2000. Mas tem um outro problema. Eu também escrevi sobre o assunto, academicamente falando. Então me dêem um desconto se eu falar besteiras intelectualóides de vez em quando (N.E.: Tá desculpado, hehehe) .
Mas quem esse cara pensa que é, Renato? Pode perguntar algum leitor. Certo, certo deixe-me apresentar: Sou Zeca, tenho alguns cabelos brancos, e toquei baixo em algumas bandas dos anos 90 de Bsb, e ainda toco: Os Animais dos Espelhos, Divine, Succulent Fly (com quem voltei recentemente. O Anderson ainda tem muito ódio no coração!), Câmbio Negro, Neuras Planetóides, Móbile (posteriormente Superquadra); quebrei até um galho pro Podrão, a uns anos atrás tocando com o BSB-H..!
Ah, sim Renato, fui também baterista dos seus inimigos mortais o Cultura Inútil (N.E.: Eu tocava numa banda do mesmo nome na mesma época) do Guará.
Tocar com pessoas legais e ficar um pouco mais velho tem lá suas vantagens: Não muitas, mas bastante agradáveis. Uma delas, por exemplo, é não temer ser um pouco sincero sobre algumas coisas passadas e reconhecer algumas besteiras que a gente já fez. Vamos falar um pouco do que interessa, os anos 90.
Caras, foi uma época muito interessante. Pra começo de conversa, era bem clara a diferença das bandas do início daquela década em relação às do período anterior, mais precisamente as bandas da galera da Colina - que como muitos de vocês já sabem, não eram as únicas da cidade. As diferenças eram evidentes.
Dá uma olhada, por exemplo, nos nomes das bandas. Nos anos 80, quase sempre eram trocadilhos relacionados com o poder ( Legião Urbana, Capital Inicial e por aí vai); com temáticas bastante recorrentes ao momento de redomocratização. É claro, não todas; mas para a memória coletiva, era geral esta sacação. Quem canta esta pedra, não sou eu; Esta constatação foi de uma socióloga lá da UnB, Angélica Madeira.
Neste sentido, a diferença entre as duas gerações ficou clara nos anos 90. Os nomes das bandas não arrogavam contestações à ordem política vigente, ou pelo menos, não de forma tão explícita. E a influência gringa manifestou-se de maneira forte em algumas bandas: Maskavo Roots; Low Dream; Sunburst; Estas últimas, junto com Os Animais dos Espelhos, e a Oz eram tachadas (em alguns casos, auto-intituladas) como Guitar Bands, o siginificava ter forte influência do indie rock britânico e da cena independente norte americana - mais precisamente bandas como os Pixies, Sonic Youth e a barulheira de Seattle. Nirvana, Pearl Jam, Alice in Chains? Isso ia pegar mesmo, lá pra 1992.
A temática era, pelo menos aparentemente, algo desvinculada da política. Claro que sempre houve a atitude rock - vide Sunburst, Succulent Fly, ou (na minha opinião a mais legal ) Oz. Mas, convenhamos, onde havia política em músicas como Shitbomb ou Spacecake??? hahahahahaa, o Marcelo era, e ainda é, muito comédia. Fala sério, gente, o cara virou DJ e mudou o nome pra Nego Moçambique(??). Ele tem um excelente senso de humor, daquele tipo que pega. Claro, ele é um ótimo DJ, antes que a galerinha fã fique criando intriga.... Mas esta falta de vínculo com os 80's nunca foi problemático para os intergrantes daquela primeira leva de bandas dos anos 90.
Semana que vem vou ver o que eu vou contar mais pra vocês. Aliás, falar de algumas das bandas que eu creio que influenciaram a gente naquela época, algumas piratarias e outras merdas.

2 comentários:

  1. Renato, só agora me toquei que é você, heheheh! Caramba ou melhor AsKes, então seu blog é muito bacana, alias, sem querer dar aquela puxada basica, como tudo que vc faz! Beijão

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  2. Ih, nem grila, eu é que devia ter me "re"apresentado direito, hehehe.

    Valeu pela força, Marcinha! Eu sempre que tenho oportunidade indico o Contramão pra alguém.

    Um beijo!

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Renato Nunes

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