01/10/2008

R64 Brasil: Boddah Diciro


Foto: Dimir Jr.
Eu sempre tive curiosidade em conhecer a capital do Tocantins, Palmas. Acho que é porque quem cresceu em Brasília percebia logo na infância o quanto nossa cidade era diferente de todas as outras. Dos endereços ao projeto urbano setorizado, tudo por aqui era meio alienígena em relação às demais cidades, tinha gente que não conseguia ao menos entender os endereços. Digo era porque depois da construção de Palmas a história mudou.
Tal qual Brasília, Palmas nasceu de uma Constituição (a construção da nova Capital Federal estava prevista desde a primeira Constituição republicana do Brasil e a de Palmas deveu-se a de 1988). Logo, Palmas é uma cidade sósia de Brasília, lá endereços como 103 Sul ou Avenida Lo 2 dão a sensação de deja vu . E mostra que não somos mais tão alienígenas como há alguns anos. Quer ver uma coisa, uma tal Feira do Empreendedor 2008 aconteceu no Centro de Convenções Parque do Povo, na 304 Sul, Avenida NS 10. Que beleza!
Falo da capital tocantinense porque é de Palmas uma banda bem legal que encontrei e que me remeteu a muita coisa feita em Brasília. Talvez haja por lá a mesma sensação estranha de se viver em uma cidade setorizada e monotonamente simétrica e isso inspire os jovens da mesma forma que acontece por aqui Pelo menos é o que deduzi ao ouvir a banda palmense Boddah Diciro.
É uma banda bem decidida em sua proposta sonora. Um quarteto que faz um som fundamentado nas guitarras pesadas dos anos 90, de bandas do grunge de Seattle ou do noise do Sonic Youth. São composições em inglês, em sua maioria, e em português com arranjos bem autorais, uns baixos loopados e um vocal feminino correto que deixam o pé-no-passado apenas como referência.
O Boddah Diciro está gravando o seu primeiro álbum, Strange, produzido por Gustavo Vazquez, que já produziu trabalhos de bandas independentes do centro-oeste como Macaco Bong (MT), e as goianas MQN  e Violins.
Numa época em que a cena rocker nacional se polariza cada vez mais entre o rock “cabeça” das viúvas dos Los Hermanos e o pop emo das FMs , o Boddah Diciro demonstra que ainda é possível sim fazer com competência um rock vigoroso e mais pesado sem, no entanto, perder a ternura.


3 comentários:

  1. Cara, tem lugares em Palmas que parece Brasília mesmo. Fiz um show com o Macakongs lá uma vez. A cena de rock de Palmas está bem organizada, com bons lugares pra tocar e festivais que estão crescendo. Vale a pena ficar de olho.

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  2. muito bom,

    vi uma vez em Goiania,
    Não gosto de grunge, mas realmente é muito legal ver uma banda com vigor desses no meio de tanta banda melosa.

    é isso aí, continue trazendo bandas de fora de Brasilia pra gente conhecer.

    parabéns pelo blog de novo

    jão

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Renato Nunes

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