29/09/2011

R64 Brasil: Bela independência, hein?

Há muito tempo venho falando do descabimento que é a existência de uma rede política abastecida e alimentada por recursos públicos originalmente destinados à cultura.

Essa panelinha, que começou a tomar forma nos idos de 2000 e que no fim da década havia se transformado em um monstrengo voraz, não conseguiu revelar sequer uma banda ou artista minimamente relevante em mais de dez anos de atividades. Mas, isso não é empecilho para que os eventos ligados ao circuito Fora do Eixo continuem a ser contemplados generosamente pelos editais da vida.

A verdade é que se criou uma rede obscura formada basicamente por produtores, seus agregados e por uma dedicada rede de comunicação formada pelo que costumo chamar de Série B das editorias de cultura dos jornais. Aqueles jornalistas cuja opinião é trocada por rango e birita nos backstages desses festivais (rango e birita financiados também por recursos públicos, diga-se) ou por credenciais, discotecagens e entradas francas em festas promovidas pelos mesmos produtores.

Mas, o que me assusta de verdade é que aquilo que antes era apenas insinuado, hoje é assumido e divulgado sem o menor pudor. A foto da postagem, em que o gestor do Fora do Eixo, uma beldade chamada Pablo Capilé aparece ao lado do ilibado José Dirceu, foi publicada pelo próprio em seu twitter e ilustra bem o que é esse circuito Fora do Eixo.

Não, amigos, não é uma associação mecenas que procura difundir a cultura nacional de forma abnegada como dizem. É um grupo político, apesar de financiado por leis de incentivo à cultura, com objetivos que passam longe das demandas do setor cultural. Simplesmente, porque não há preocupação nenhuma com a cultura. Como todo grupo político, o que o Fora do Eixo faz é brigar por frações de poder e por dinheiro.

Formô, mano, é nóis
A minha pergunta é a seguinte. Até quando essa cena indie-estatal continuará sendo financiada pelo Estado brasileiro? Até quando essas pessoas continuarão a ser tratadas como bastiões da cultura?

Em 2011, algumas das principais bandas independentes brasileiras encerraram as atividades por necessidades financeiras. No entanto, os produtores ligados ao esquemão indie-estatal continuam firmes, fortes e sorridentes, sem dar sinal nenhum de insatisfação com o quadro atual. A dúvida é: Até quando?

26 comentários:

  1. Funcionário Público de Lutoquarta-feira, setembro 28, 2011

    Isso vai continuar enquanto as bandas se sujeitarem a prestar serviço, oferecer sua matéria prima de graça pra essa cachorrada aí usar pra reverter em benefícios próprios!

    eu falo isso faz tempo, e volto a repetir:

    Pablo Capilé, Fabricio Nobre e toda corja são gênios!
    colocaram um monte de gente pre trabalhar pra eles de graça!

    Nunca deram contra partida nenhuma pra ninguém, mas conseguem seduzir um monte de bandas, gente que quer ser produtor a montar os ditos COLETIVOS pra fazer eventos em nome do FORA DO EIXO. Ou seja, os caras não fazem NADA e assinam uma dezenas de eventos locais, regionais e nacionais feitos por outras pessoas. Engordam o curriculo, ganham força política e usam isso como massa de manobra.

    Qual coletivo daqui de Brasília ja ganhou alguma coisa com eles?
    eles minam tudo velho, sugam até a última gota!
    Coletivos que pareciam fortes porque eles apoiavam vão caindo. Cade o GOMA, que fazia a Jambolada? O Thales sumiu velho, sumiu...

    Eles estão entranhados em muitas camadas da cadeia produtiva de música - produção, circulação, publicação...


    Até a direção de música da FUNARTE já tentaram! Graças a Deus isso não rolou...

    a galera e câncer mesmo, nutrida na falsa esperança de músicos e encantados com músicas, que inegnuamente acreditam e depositam trabalho e produtos pra essa corda de safados. O retorno: NADA
    Nunca vi algum coletivo ser lançado, e se sedimentar, nem bandas. Só o Espaço CUBO, Abrafim, Monstro, que são deles. Macaco Bong é só isca, já vi o Capilé seduzindo criancinhas:

    "olha o Macaco, ta tocando, viajando. Tem q fazer igual eles"

    FODA

    a intenção nunca foi a arte, a música.
    independencia é o caralho: não querem a autonomia dos autores. Querem ser os donos do sistema. Manter a mesma relação de domínio, o mesmo formato, mas serem os por cima da care seca.
    Isso vai continuar enquanto esse formato existir!

    O triste é saber que a garotada de BSB não é diferente. Artista está aprendendo os códigos do estado, da produção. Mas não é pra mudar o formado da coisa, e, em nome da arte dar contribuições de real acesso as coisas por todos. A galera está aprendendo pra se beneficiar desse formato de privilégios já estabelecido. Desculpa, mas o FORUM de CULTURA foi um sintoma CATASTRÓFICO disso. Ninguém discutiu diretrizes gerais, coletivas, que beneficiassem todos.Cada UM atras do SEU.

    Alguém falou alguma coisa sobre Lei de Incentivo Fiscal Distrital?
    NÃO

    Alguém falou da desburocratização do FAC?
    NÃO

    Alguém falou na reformulação da SEC?
    NÃO

    e isso eram artistas debatendo. Que sabem o que é estar desse lado. Pablo Capilé não é artista. É produtor. E como TODO produtor é vampiro: vive do talento e trabalho dos outros. É compreensivel que ele aja assim, é de sua natureza.
    Agora, ver artista assumir essa postura que é foda. Dói. Eu como artista me sinto traído mesmo. Saca causa operária? Somos artistas velho!
    É foda ver os irmãos todos irem ficando assim, pra jogar o jogo, ganhar no sistema de exploração ao invés de mudar o sistema. Aqui, na nossa terra.
    Talvez fosse mais interessante pensar mais no que é a Ossos, Porão, Móveis Inc. Não são tão diferentes do Capilé aí. Talvez sejam piores, por serem artistas sugando artistas. Tá foda isso. Ao invés dos produtores se retirarem para os artistas assumirem as rédeas do sistema, temos artistas assumindo o espírito de produtores, o sistema tomando a alma dos artistas. FUDEU!

    Acho que vou largar o Rock. As artes em geral. Tô enojado!


    Desculpem a verboragia toda. Dia triste mano. Pensar nisso tudo junto com a morte do Redson, que era exatamente o oposto disso: o "faça vc mesmo" encarnado. Desencarnou.

    acho que nunca mais vou num show...

    abraços ordinários

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  2. Foda-se essa merda,
    essa parada é decadente desde que nasceu,
    em 10 anos não vingaram nada, e já não seduzem como seduziram os coitados de coletivos e bandas a pagarem a própria passagem pra tocar em um evento que tem grana (roqueiro brasileiro adora pagar pra tocar)

    foi só uma brincadeira de mais de 10 anos que custaram muito ao estado, financiando viagens pra discutir ABRAFIN, droguinhas pra descolado DJzar, tudo amigo.

    E agora Claudão, que a Melda fedeu?! Vai tocar onde??!

    acho que é hora de uma grande Obra de verdade!

    sahashahdehaedhsadhehash

    e num poste anterior aqui mesmo no blog, teve codorna defendendo coisas parecidas. Nem sempre nosso filho segue as nossa intenções.

    mas como a coisa é safada, daqui a pouco vão criar o "Fora do Beiço" (se é que me entendem) como "alternativa independente" ao Fora do Eixo.

    haehdaehahadssahehhshdsddehhdse

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  3. Formação de Quadrilha de Alta Periculosidade para a Música Independente Brasileira!!!
    O Funcionário Público do Rock nº 1, o catedrático Odorico Paraguassú( Pablo Capilé) com seu português patético, uma espécie de Messias para produtores e bandas iniciantes e desavisados, engana até os maiores bandidos, esse é o mais perigoso de todos pois não visa dinheiro e sim o poder, C U I D A D O !!!

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  4. Aqui na Paraiba os Coletivos estão representados por nada mais nada menos que o Vice Secretário de Cultura da Capital! Onde eles Financiam um Festival Chamado Mundo. Que mais parece o Festival Imundo! Só toca quem eles querem e fim de papo. Jogam Conversa Fiada nas bandas e ainda segregam as que não são do coletivo. Um praga instalada em território Paraibano.

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  5. Underground brasileiro é uó.

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  6. Trabalha de graça quem quer...

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  7. Fico impressionada com a cara de pau dessa gente!!!
    Isso tem que acabar!!!

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  8. Bandas Independentes acabando? Nunca vi tanta banda em todos os tempos, e bandas excelentes. O mesmo chororô, vira aí a pagina do mar de lamentações galera!

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  9. Exatamente sobre isso que falo, caro CONTATOS ou quem esteja por tras desse perfil. As bandas como Superguidis ou Eco Falsos sao meras engrenagens nessa maquina viciada. Quebra uma e arruma-se outra. Soh a galera de cima eh que continua a mesma. Sempre. (desculpem a falta de acentuacao, minha maquina foi desconfigurada por um virus...) Mas, mantenho minha esperanca de ver boa parte dessa gente em uma "cadeia produtiva". Aquelas onde se quebra brita ou costura-se bolas de capotao.

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  10. Acho que quem entra num debate entra de peito aberto e apoiando sua opnião e não fica se escondendo dentro de comentários "Anonimos"... me poupa!! já que não gostam ou não conseguem acompanhar a dinamica que é o FDE pelo menos critica mas se assume na crítica, não escutamos quem não tem peito de por o nome no post..dá licença..arrume pelo menos argumentos plausíveis e Renato é uma pena vc não ser um artista tbm e não ter competencia o bastante pra contricuir com o circuito dá pra peceber a sua frustração..uma pena existir pessoas que não conseguem adentrar e abrir-se ao novo.

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  11. Bom, Luciana, esse tipo de competência, que prefiro chamar de cara-de-pau, eu não tenho mesmo. Mas, é isso aí, vc tem todo o direito de defender seu ganha pão, tá certíssima. Eu poderia até responder que incompetente é quem se escora há mais de 10 anos em leis de incentivo pra realizar seus projetos e que mesmo com todo esse dinheiro não foi capaz de erguer uma estrutura que se sustenta por si mesma. Mas, deixa pra lá. Só uma dúvida, o que diabos é "contricuir"??

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  12. Luciana Maia entra na mesma faceta óbvia, rasa e safada de não debater argumentos, pois esses ela não quer encarar.
    Fica aí desprestigiando o anonimato ao invés de colocar idéias e debater com o que foi colocado.
    Fica aí desmerecendo o Renato ao invés de debater com informações e pontos de vista. Por isso ainda existe o anonimato aqui! Pra preservar a idéia acima da manipulação pela posição de quem a desferiu!

    Parabéns Renato, por manter o anonimato!

    Essa gente quer esvaziar o nosso conteúdo desmerecendo nossa pessoa, porque o conteúdo ela não quer e não vai encarar (ou vai?)
    anonimato não faz com que o que escrevo aqui deixe de ser verdade. O conteúdo, conceito deve ser debatido. Se nosso argumento for falho, aponte, mostre. Não chegue nesse automatismo aí desmerecendo pq sou anonimo.

    Acho que essa moça ficou assustada. Sim Luciana, sou bem próximo, sei de algumas coisas mesmo do FDE. Só cansei de ser mais um a contribuir pra essa safadeza instalada, de ser usado e de usar como tantos outros. Não sei se vc é ingenua ou cara de pau como esses aí.

    E Renato, a questão não é o fato de se usar de financiamento público. Pois 100% da grana que produz, distribui e publica arte no Brasil é pública. Da produção da Globo Filmes ao FDE. Sejam fundos, sejam leis de incentivos fiscais federais, estaduais e municipais. O problema é que o FDE consegue essa grana com um projeto e cria uma moeda paralela (que já teve até nome: cubo card) com a grana que sobra quando eles exploram os pobres coitados, os chamados "apoiadores".

    Luciana, NOVO?!?!

    Aasshshadhehdhaahhehdsh

    só rindo mesmo...

    é bíblico minha filha: Mentir e roubar foram as primeiras profissões!

    heahahsaehhshehehseahheasheh

    são só mais uns espertinhos reforçando o formato que já existe: o de exploração. Novo será quando nunca mais um recurso for mediado por produtores. Quando o recurso for gerido pelo próprio artista. Produtos é um ser vampiro. Não precisamos deles. Viva a arte autônoma!

    e viva a alienação!

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  13. (teclado sem acentuacao, nao reparem)

    Amigo funcionario publico, ha uma diferenca fundamental.

    Mesmo que eu nao concorde que a Globo Filmes seja beneficiada, sou obrigado a reconhecer que a producao cinematografica no Brasil cresceu tanto quantitativamente como qualitativamente com isso, ao contrario do que ocorre com essa confraria de vagabundos chamada Circuito FDE.

    Sem dinheiro do Estado, essa porcaria sequer existiria. E esse eh o ponto. Essa gente recebe dinheiro ha 10 anos sem contrapartida alguma, sem resultados dignos de nota. Sem revelar um artista minimamente relevante. Entao pra que recebe dinheiro ainda???

    Isso responde o camaradinha do comentario acima que disse que nunca antes na historia deste pais houve tantas bandas, como se quantidade significasse alguma coisa... Na verdade, muita merda eh pior que pouca merda.

    Mas, eh isso, queria muito ver essa patota quebrando brita na marreta e costurando bola de capotao em alguma "cadeia produtiva"...

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  14. Cinema melhorou? Como assim?

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  15. Hoje existe uma producao cinematografica significativa, com bilheterias expressivas e qualidade tecnica internacional. Antes, nao. Apesar disso nao significar que seja tudo uma maravilha, o avanço é inegável e os resultados falam por si....

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  16. não conheço essas pessoas, mas acredito que a liberação de verbas para apoio cultural tem mais a ver com a competência de alguns para cumprir as normas da lei.
    não me falem em desburocratização POIS NÃO É BUROCRÁTICO, tem apenas o mínimo de exigência para não haver corrupção.

    se querem financiamento público, façam projetos corretos. precisam de ajuda? falem comigo...

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  17. Acredita? Pena.

    "...tem apenas o mínimo de exigência para não haver corrupção."

    Papai Noel manda lembranças.

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  18. Isso é bem verdade, só não pega incentivo fiscal pra cultura quem não sabe escrever um projeto.
    Eu não sou do FDE e consegui!!!! E não tenho contatos políticos.
    Só estão reclamando por que a grana não ta vindo pra mão de vocês e ficaram de fora da panela...

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  19. Serao limados os comentarios de analfabetos funcionais com deficit intelectual para interpretar textos.

    Grato.

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  20. Seria interessante a criação de um circuito Fora do Beiço

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  21. Cara, seu texto respondeu tudo aquilo que eu tinha dúvida. Sensacional. Muito bem escrito por sinal.

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  22. Se vocês soubessem a metade dos "jeitinhos" que rola nesse FDE... Quem conhece o Pablito só de vista, sabe da sua fama de caloteiro-nato! É, ele tem um futuro promissor na cena política. Mas enquanto isto, deixa ele fica ai brincando na cultura... Quem sabe ele convence o padeiro, o cobrador do buzão, o verdureiro e etc, a aceitar o cubo card!

    Mas olhe, não espere nada de um cidadão que quando se faz uma pergunta pertinente sobre um festival [exemplo, calango], tem a cara de pau de dizer que ele não era do Cubo, mas sim do Dona Lua [sua banda na época]... E a pergunta fica conveniente pelo espaço/tempo!

    Outra coisa, o que é isso: "...tem apenas o mínimo de exigência para não haver corrupção."?
    #MEDO

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  23. Olha, ninguém está percebendo que o dinheiro público está financiando a criação de um partido político? O chamado PCult, que surgiu na campanha eleitoral de 2010 (justamente quando a farra dos editais havia se tornado incontrolável e deixou muita gente mal acostumada). É pra isso que está indo o dinheiro da cultura, para interesses políticos pessoais.

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  24. É tudo culpa do capitalismo.

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  25. Cara! Quanta demanda. Sou de Cuiabá, aqui tem um termo pejorativo que dizemos "Oba-Oba"...Esse quadro é uma extensão da postura dos FDE, quando só estavam no nível da cuiabania. Escuzos, mocados, eram uma turminha de panela feita , metidos práka!! Tudo isso foi dado aqui em "Amostra grátis", gostava mais da mambembe Dorotéia. Páblo quer ser o executivo hindie alternativo, só porque musicalmente frustou-se!

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Valeu pela participação.

Renato Nunes

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