A total despretensão comercial e uma boa dose de ousadia criativa são algumas das principais características dos projetos que envolvem experimentalismo musical. E em Brasília existem alguns trabalhos que merecem uma atenção especial.
Há desde a erudição do Satanique Samba Trio à autointitulada parapsicodelia nuclear, do Debtus Dallas. Tem a viagem introspectiva do Sons de Quarto e até um lado mais pop, se é que dá para se chamar assim, representado pelo som do Seu Dreher.
O Satanique Samba Trio é, na verdade, um quinteto formado em 2002 por músicos eruditos graduados na Universidade de Brasília. É impossível não se lembrar do Naked City (N.R.: Uma banda novaiorquina cujo som une jazz, rock pesado, músicos virtuosos, vinhetas, trilhas sonoras incidentais e gritos ininteligíveis e que passa a quilômetros do popular esquema estrofe-estrofe-refrão-estrofe-estrofe-refrão) e tal como os gringos, o SST também faz músicas (algumas com poucos segundos de duração) bem quebradas, bem complicadas e, sim, bem bacanas.
Profetas cuja missão na Terra é transmitir o conhecimento por meio das partículas elementais ods que são transmitidas por suas paramúsicas. Assim se apresenta o Debtus Dallas, formado em 1997. Basta ver os títulos das canções(?) como Processo de Reprogramação Mental, O Fim dos Trapalhões foi o Circo de Horrores do Gentileza pra mim (Trapa´s End) ou The Dark Side of the Earth para perceber que esse conceito messiânico é levado às raias da demência completa. Um prato cheio para se achar mensagens subliminares propositais. Um pouco perturbador para ouvidos mais sensíveis.
O Sons de Quarto é um projeto do guitarrista Pedro Oliveira (ex-Mobilee) que começou em 2008 e traz músicas instrumentais carregadas de sentimentos. Não há letras, mas os acordes são densos. O clima de solidão está bem destacado e os efeitos nas guitarras foram muito bem escolhidos. É o tipo do som que faz valer a máxima de que onde falta pretensão comercial, sobra capacidade criativa.
O multinstrumentista e produtor gaúcho Gustavo Dreher, que hoje mora em Brasília e é tecladista do Bois de Gerião, já trabalhou na produção de álbuns de artistas como Júpiter Maçã, Ultramen e Armandinho, além dos brasilienses Bois de Gerião e ASKeS. É ele quem assina o projeto Seu Dreher.
É difícil de encontrar alguém que faça música influenciada pela psicodelia sessentista mas que não pareça reciclagem mal feita. O Seu Dreher é assim, todos os elementos dos álbuns de 1967 estão lá, mas o resultado tem cheiro de novo. Percebi também um pouco da surf music brazuca da banda gaúcha dele, o Argonautas. É muito bom mesmo. Em 2008, o Seu Dreher recebeu aquele beleza que o site Trama concede aos destaques por lá.
As dicas ficam aí. Para quem quer fugir um pouco da música convencional, passear pelos links dos artistas da postagem é diversão garantida.
As indicações estão maravilhosas: já estou preparando alguns posts para a Identidade Musical e para a Métrica do Grito!
ResponderExcluirAbração!
Bom saber que tem uma galera com uns projetos loucos e de qualidade por ae ....Muito me agrada ..
ResponderExcluirParabens pelo Blog . sempre acompanho ...
Pedro Badu