O cara mais underground que eu conheço é o Alfredo.
Conheci o Alfredo há muitos rocks. Primeiro como um punk que contava ter uma banda chamada Eskroteiros e começou a aparecer lá onde a turma morava e que logo apelidamos de barriga furada, pela capacidade ímpar de tomar um litro de leite na golada, junto como bolo, biscoitos e outras guloseimas que lhe aparecessem pela frente, na casa do avô do Gabriel Thomaz.
Depois de um tempo sem vê-lo, nos reencontramos em um show em Taguatinga. Ele era então uma espécie de anarco-glitter, que aparecia nos shows de saia, coturno e batom. Uma figuraça. Lembro de uma história ocorrida no HC Festival, um show antológico que aconteceu no finado Gran Circo Lar no início dos anos 90. Ele tocava, se não me engano, numa banda chamada Pastel e Caldo de Cana (banda que tinha o Robson - ex-Macakongs 2099, Vernon Walters e outra penca de bandas, e o Cidão), um clássico de Taguá City. Pois bem, a aparição do Alfredo vestido de noiva e sem cueca foi demais pra cabeça de uns carecas (skinheads) imbecis que existiam nessa época e eles o agrediram covardemente.
Depois de um tempo reencontrei o Alfredo, ele era baixista da banda de pós-tropicália do cerrado, Os Cachorros das Cachorras (Ah sim, antes disso ainda houve a gótica Pompas Fúnebres). Nesse tempo ele andava de macacão BR, de frentista. Anos mais tarde, fiquei sabendo que o bicho havia virado pesquisador musical, um estudioso de ritmos que percorria o interior do Brasil em seus estudos.
Há umas duas semanas, soube que ele retomou sua carreira artística há um tempo, hoje se chama DJ Tudo e toca um selo que divulga exclusivamente a cultura tradicional brasileira. E que, inclusive, estava em turnê pela Europa entre outubro e novembro passados.
A curiosidade imediata em ouvir o que andaria saindo daquela cabeça depois de tanta história vivida, de tantas experiências músicais distintas me levou ao Myspace dele. E, sinceramente, não consigo descrever muito bem o som do cara. Talvez seja fruto da minha ignorância ou, talvez, eu não tenha digerido direito ainda, mas não tenho nenhuma referência imediata pra explicar a música do DJ Tudo/Alfredo. Na verdade, traz um pouco de toda a carreira artística dele.
A curiosidade imediata em ouvir o que andaria saindo daquela cabeça depois de tanta história vivida, de tantas experiências músicais distintas me levou ao Myspace dele. E, sinceramente, não consigo descrever muito bem o som do cara. Talvez seja fruto da minha ignorância ou, talvez, eu não tenha digerido direito ainda, mas não tenho nenhuma referência imediata pra explicar a música do DJ Tudo/Alfredo. Na verdade, traz um pouco de toda a carreira artística dele.
São variações de ritmos brasileiros, psicodelia, letras críticas e contundentes, música eletrônica. Enfim, um experimentalismo com todos os ingredientes pra ser mais uma mistureba porraloca, mas não é. Tudo está equilibrado, harmonizado. É um turbilhão de informações por compasso, mas é um trabalho com muita identidade. Não tem nada de rock, é verdade, mas é um som que só poderia ter sido feito pelo Alfredo, que ao vivo é acompanhado pela banda Garrafada (que não tem formação fixa). Sugiro uma visita.
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Renato Nunes