15/11/2008

O papo é pop

Com exceção dos famigerados rhythm’blues e pop rock suingado do cerrado, coisas que fazem o Jota Quest parecer com James Brown e o Barão Vermelho virar Rolling Stones, é difícil encontrar em Brasília bandas com perfil mais pop, que queiram ser apreciadas pelo maior número de pessoas possíveis e para tanto componham músicas, digamos, mais fáceis. O que de maneira alguma significa música menos qualificada. Sim, porque não devemos nos esquecer que é o público quem realmente consagra uma banda, e em Brasília, principalmente nos últimos anos, o que tem acontecido é que muitas bandas se esqueceram ou ignoraram esse detalhe.
Foram bandas mais preocupadas em conseguir elogios de jornalistas, convites de produtores, ou ambos já que por aqui se acumula as duas funções sem o menor pudor, do que tentar atingir, sim, o grande público. Porque a verdade é que não há mal ou pecado algum em se querer viver de sua própria música, ouvir sua banda tocando em rádios ou encontrar pessoas assobiando suas canções na estação do metrô. Ser pop é ser lixo? Queimem os discos dos Beatles, exorcisem os álbuns do Elvis. Porque o rock, por si só já é pop, nasceu assim e foi isso que até hoje impediu que o gênero se tornasse algo obsoleto como a orquestra do Ray Connif. O rock foi sempre se moldando ao gosto das gerações que se sucederam.
Aqui em Brasília existem duas bandas que fazem cada uma à sua maneira e com influências distintas um pop rock com qualidade e personalidade.
A primeira é uma banda que eu conheci após a divulgação do band list do Festival Na Rota do Rock Brasília, Os The Los.
Banda que faz um pop suave com vocal feminino, violões, solos de guitarra e um toque do clima folk que hoje está em evidência. Tudo está bem feitinho, inclusive os arranjos. Tem alguns hits potenciais como Existe uma Razão e Voar. Mas, acho faltou um pouco mais de cuidado na produção deste álbum virtual que baixei, principalmente na gravação e mixagem da voz, pois tudo ficou meio com “cara” de demo. Mas, isso é apenas um pequeno detalhe, pois o mais difícil que é compor boas canções, Os The Los já conseguiram.
A outra vem da Ceilândia. O trio Káustika faz um hard rock pop que em alguns momentos me lembrou algo da gaúcha Tequila Baby ou dos brasilienses ASKeS, mas com um toque de heavy metal que dá personalidade própria à banda. É um pop honesto, pronto pras FMs ou pra trilha da Malhação, e acho que essa é a proposta da banda, um rock para todos os ouvidos.
As letras têm um pouco da temática romântica dos sucessos radiofônicos e a música O Resgate da Mulher Maravilha é um hit pronto. Mas, não prejulgue, leitor(a), a banda não é Emo. Com seu instrumental coeso e encaixado, um bom vocal e uma dinâmica e pegada que funcionam bem pra se ouvir ao volante de um carro, por exemplo, o Káustika é uma banda que se trabalhar direito e der uma polida no repertório (um pouco irregular) pode cair na boca do povo.
Ainda não vi nenhuma das duas bandas em cima de um palco e sei que isso é algo fundamental para artistas com pretensões maiores. Mas também sei que é uma aspecto em que as bandas costumam evoluir na medida em que mais vezes se apresentam. Vamos esperar e ver o que acontece.

Um comentário:

O Rock Brasília, desde 1964 conta com sua ajuda e suas sugestões para se aperfeiçoar. Comenta aí!

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Valeu pela participação.

Renato Nunes

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