05/11/2008

De Brasília para o mundo


Eu sempre reparei que existem bandas que acreditam que basta se vestir como bandas inglesas para que a harmonia musical e a criatividade de algumas delas baixem em seus corpos e façam com que suas músicas se tornem num passe de mágica, composições sublimes e sofisticadas. Tudo bem que isso pode até acontecer dentro da cabeça oca desses músicos ou dos ignorantes que endossam essa crença descabida. Mas, o fato é que a realidade é diferente e qualquer um que tenha um ouvido mais atento percebe que aquelas ladainhas discorrem sobre três, quatro acordes e ficariam bem melhor se fossem tocadas com mais velocidade e peso. Basicamente, porque o que essas bandas indie/rock inglês daqui fazem, e muito mal por sinal, é um punk rock lento e sem distorção. Em alguns casos até botam uns arranjinhos de cordas pra dar aquele clima de sofisticação, mas a estrutura musical continua simples como um Parabéns pra Você.


Não amigos, essa postagem não está sendo usada de mera desculpa pra malhar o britpop do cerrado. Eu disse tudo isso porque vou falar de uma banda que em meio a tanta pose e marketing, faz um som elaborado de verdade, de derrubar o queixo no chão e até duvidar que é uma banda brasileira, quiçá brasiliense, quiçá brasiliense desta década. Me refiro a banda Nancy, formada por Camila Zamith – Voz, Praxis – Guitarra, Fernando – Guitarra, Munha – Baixo, Dreaduardo – Bateria e Ivan Bicudo – Teclados.

Sensacional é o adjetivo imediato que me veio à cabeça quando escutei o sexteto. É uma banda com músicos extremamente talentosos e com as melhores e mais diversas influências possíveis (e não é exagero, fui tomado de lembranças de Brian Wilson à Black Sabbath, de Nirvana à João Gilberto ao ouvir o som da banda, e ainda Pink Floyd, Velvet Underground...) e o vocal incrível de Camila Zamith. O que só comprova que quando músicos estudados têm o mesmo espírito criativo dos autodidatas, o resultado beira a perfeição.

O Nancy é uma banda que dá gosto de ouvir, lava a alma de quem não aguenta mais tantas bandas conservadoras, que seguem “receitas de bolo” (Emo pra tocar em rádio ou Indie pra ganhar elogio de jornalista). Não se trata daquele tipo de banda que apenas pisa na pegada alheia ou segue a trilha já aberta. As harmonias, a voz de Camila, a cozinha (baixo e bateria) perfeita e a desenvoltura da banda na execução das canções dão a impressão de que o Nancy poderia tocar Iron Man ou Garota de Ipanema com a mesma propriedade.

A banda foi citada com destaque em publicações internacionais de respeito como USA Today ou as britânicas The Guardian e Uncut. Também se apresentou na BBC de Londres e teve músicas executadas em diversas rádios de cidades como Nova York e Tokyo. E ainda teve sua música Keep Cooler remixada e incluída em um ábum da banda canadense Born Ruffians. Ah sim, o Nancy toca no Brasil também. Em 2008 se apresentou no Motorola Motomix, em São Paulo, e no Porão do Rock, em Brasília.

O Nancy tem um EP lançado pelo selo paulista Peligro/Openfield e dois mp3 lançados pelo braço online da internacional Downtown Records, cujo cast tem, entre outros, a primeira-dama da França, Carla Bruni. Abaixo, a banda no programa Tramavirtual, do canal a cabo Multishow.




7 comentários:

  1. eu sempre disse que essa banda é o que há de melhor no rock candango, mas as pessoas preferem ouvir MCA...

    ResponderExcluir
  2. eles tem um quê próprio e pós- moderno

    ResponderExcluir
  3. realmente, não dá pra acreditar que é daqui. conheci dias antes do porão do rock, e fiquei abismado.

    ResponderExcluir
  4. "O que só comprova que quando músicos estudados têm o mesmo espírito criativo dos autodidatas, o resultado beira a perfeição." Na real, quase todo mundo da banda é autoditada na picaretagem instrumental, e quem estudou estudou pouco..

    ResponderExcluir
  5. Sério? Pela qualidade técnica dos arranjos e composições, pensei que todos fossem músicos formados. De qualquer forma, não é uma banda de leigos em teoria musical.

    Valeu pela participação!

    abs

    ResponderExcluir
  6. Pois é cara, pra você ver que algumas vezes só escutar muita música e ter vontade de tocar já é estudo suficiente pra galera produzir coisas boas. Falou!

    ResponderExcluir

O Rock Brasília, desde 1964 conta com sua ajuda e suas sugestões para se aperfeiçoar. Comenta aí!

ATENÇÃO! Como a moderação está ativada, pode ser que demore uns minutinhos pro comentário aparecer. Palavras de baixo calão e críticas que nada tenham a ver com o contexto da postagem serão limados sem dó.

Valeu pela participação.

Renato Nunes

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
Related Posts with Thumbnails