05/05/2012

Em que ponto nossa música chegou?


De uns tempos pra cá, muita gente pergunta  "Em que ponto nossa música atual chegou?". Ou qual é cenário que se formará para as próximas gerações roqueiras ou não. Com o sucesso 'tipo exportação' de Michel Teló, essa dúvida persiste e ainda incomoda muita gente por aí.

Em tempos de retribalização, a aldeia global de clic-em-clic. As letras sumiram das músicas.Não há mais segredos para o sucesso. É um tal de tchu-tcha, tchê-tchê-re-rê e as vogais do axé em demasia. E a mensagem por trás disso, passa batido. A letra dentro desse contexto serve como uma ponte entre o criador e o seu mundo, faz o link, estabelece contato e firma um enlace capaz de durar mais de três míseros minutos.

A produção musical nunca esteve tão acelerada, as gravadoras não nos empurram mais seus enlatados, os amigos tratam de fazer isso, todo mundo conhece uma banda, e toda banda grava seu cd. Gravar hoje é mais fácil que comprar um Tonante na década de 1980.

Há uma proliferação de mp3, blogs, flogs, orkuts, myspaces e zilhôes de derivados. Sites de gravadoras de nome, com espaço cyber pra você enviar seu quinhão em bytes! Mas, porém, entre TANTOS, ademais, não há recados, não há ponte poética, não há ideia que realmente chape!

Salvo uma ou outra aqui e ali, a grande maioria não consegue estabelecer comunicação, apontam suas metralhadoras para o universo digital e deixa rolar seus bytes para pastas e mais pastas de PCs que serão formatados, mais cedo ou mais tarde.

Ok! Isso é o mercado. Não o de compra e venda, mais o do interesse,  já escutamos várias bandas uma única vez! (ainda bem que as músicas já são dadas)! Sabemos de produtor que cobra pra ouvir o que mandam pra ele. Dependendo do valor, você terá uma assessoria parcial, ou, uma total. Vai depender de quanto você tem pra apostar. Nunca a molecada teve tanto acesso a instrumentos, antes vistos apenas no cinema, ou numa revista importada.

Nunca se teve tanto tempo pra gastar dentro de um estúdio, e também poder trabalhar pré-produção em multi-tracks em seu quarto! Se quiser saber uma escala, veja no Youtube, se quiser a tablatura, baixe um programa que ele faz, se quiser isso ou aquilo, você consegue. E blábláblá.... bom o que tem isso com letra? Ai está o pecado! Ou a letra não diz nada, ou se sucumbe dentro do universo e nos deixa incapaz de estabelecer um elo.

O mundo musical é o mundo das ideias, e elas precisam ser cativantes, precisam provocar algo dentro de nós, se for mistério, há de ter alguma fagulha, algum vestígio que me dê a chance de estar junto, dentro da canção, se for simples, há de ser no mínimo, bela! Hoje quando dizem: "vou montar uma banda, você pode me dar algum conselho?" Sim, o que você tem a dizer? É somente disso que depende todo o restante.

PS: Valeu pelas boas-vindas, Renato Nunes e RockBrasilia64! #tamojunto!

2 comentários:

  1. A tal nova era da comunicação facilitou muita coisa: a difusão de informações é algo assombrosamente rápido, o desenvolvimento (e a assimilação) de novas tecnologias é muito mais intenso, as barreiras estão cada vez mais enfraquecidas... Mas, ao mesmo tempo, parece que todas essas facilidades tecnológicas tiveram um efeito profundamente embasbacante. É quase como se a facilidade de se dizer algo fosse inversamente proporcional à importância desse algo que se tem a dizer.

    Não vemos isso apenas nas músicas: o mesmo efeito acontece nas redes sociais, revistas impressas, até no mundo fotográfico. Qualquer um faz música, qualquer opinião é expressada, qualquer evento cotidiano (por mais banal que seja) é eternizado em uma foto. E, com isso, as pessoas abdicaram voluntariamente de exercer aquele velho costume de dividir as coisas entre “boas” e “ruins”, ou “úteis” e “inúteis”, ou “substanciais” e “inócuas”. É como se subitamente toda música fosse necessariamente boa, ou toda opinião necessariamente válida, ou toda foto necessariamente bela. E isso estupidifica a um nível atroz.

    ResponderExcluir
  2. Eu acho o contrário. A grande maioria dessas músicas populares é difundida e jogada goela abaixo das pessoas pelos veículos tradicionais. Ou seja TV, rádio, revistas impressas.... Também discordo quando vc diz que esse modelo é fruto das facilidades tecnológicas. Isso é fruto justamente do velho modelo do sucesso pré-fabricado, bancado sempre pelo dinheiro alto.

    Um dos problemas do modelo de mídia do século passado era exatamente essa "exclusividade" de publicação. Onde meia dúzia de executivos decidiam (e ainda decidem) o que deveria ser gravado, ser tocado, ou passar na TV. Onde meia dúzia de barões da imprensa decidiam qual opinião era digna de ser publicada, etc.

    E outra coisa. TODA opinião é válida. Inclusive a sua, expressada no comentário. Eu não acho isso ruim? Vc acha?

    ResponderExcluir

O Rock Brasília, desde 1964 conta com sua ajuda e suas sugestões para se aperfeiçoar. Comenta aí!

ATENÇÃO! Como a moderação está ativada, pode ser que demore uns minutinhos pro comentário aparecer. Palavras de baixo calão e críticas que nada tenham a ver com o contexto da postagem serão limados sem dó.

Valeu pela participação.

Renato Nunes

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...
Related Posts with Thumbnails